Na Megafone, digo com orgulho que alguns dos grandes trabalhos que desenvolvemos foram campanhas para temas ligados à Diversidade.
Quando este assunto ainda era restrito a poucas empresas, falar sobre Diversidade para colaboradores de um cliente era desbravar um novo território. Com o tempo, Diversidade foi ganhando relevância e começamos a ver os departamentos especializados pipocarem por aí. Alguns, de forma natural, pois o tema já era trabalhado, mas não tinha uma área para chamar de sua, outros, porque as empresas sofreram cobranças do mercado para cada vez mais a Diversidade estar no centro do desenvolvimento do negócio.
Capacitismo, interseccionalidade e racismo estrutural deixaram de ser palavras difíceis para começarem a ser entendidas tanto por quem comunica, quanto por quem recebe a mensagem e absorve este conhecimento dentro de uma corporação.
O problema é o seguinte: por ser um tema que está ganhando relevância e sendo desejado pelo público, muitas marcas e pessoas querem usar esta bandeira em benefício próprio, só para ganhar mercado.
Os fenômenos do BBB, Babu e Juliette, fizeram com que ter um discurso afiado com os conceitos de Diversidade virasse pontos a favor na popularidade com a audiência.
A pergunta é: até onde um discurso raso é benéfico para a popularização dos temas relacionados à Diversidade entre a população?
Não faz muitos dias que o participante Erasmo, do reality show A Fazenda, disse ter participado de conversas sobre temas como racismo, homofobia e machismo para estar com o discurso afiado assim que entrasse no confinamento. Aí, já viu, foi falar sobre capacitismo dentro do reality e o resultado foi um erro gigantesco. O Erasmo acabou apoiando, sem saber, o preconceito em relação a pessoas com deficiência. O espectador que nunca tinha escutado o termo capacitismo provavelmente absorveu este conhecimento de maneira totalmente errada.
“Capacitismo é uma coisa muito interessante, muito nobre. É uma causa que eu nem sabia que existia” – Erasmo, participante da Fazenda
Vale a pena Diversidade estar sendo discutida de qualquer forma nos realities ou corremos o risco de atitudes e discussões sem conhecimento aprofundado levarem à disseminação de uma informação de forma, muitas vezes, equivocada?
Uma coisa é o Babu falando sobre o movimento Black, com propriedade que só a vivência trouxe para ele. Outra coisa sou eu, um branco de classe média, em um reality show, querendo dar aula sobre blacktude. Não me parece verdadeiro. Posso estudar e compreender o assunto, mas não tenho legitimidade. Posso apoiá-lo, mas nunca levantar a bandeira como sendo minha.
Saibam diferenciar o joio do trigo.
Por isso que, nas redes sociais, sigo e leio informações de quem tem uma teoria bem assimilada e estudada, mas que também tem vivência, que está desbravando este território faz anos e pode realmente direcionar os conhecimentos sobre Diversidade de forma concreta. Existem vários no Linkedin.